Após a autorização, pelo Senado da República, do afastamento da presidente Dilma Rousseff é possível perceber a velocidade do golpe de Estado em curso.
A ideia do impeachment com base “em pedaladas fiscais” é uma farsa articulada pelos setores mais conservadores da nossa sociedade envolvendo setores da grande mídia televisiva, da elite política e setores do judiciário. Os diálogos, só agora revelados, envolvendo os orquestradores dessa farsa e os atos do “presidente em exercício” confirmam, sem reservas nem disfarces, o enredo já denunciado. Incapazes de ganhar as eleições presidenciais por meio de processos eletivos, por vontade da maioria dos brasileiros, não resta à velha elite, outro caminho senão recorrer ao antiquado manual autocrático próprio de uma democracia formal sem república real.
A elite patrimonialista, nepotista e reacionária jamais saiu da “Casa-Grande” e por isso não tolera um país socialmente mais inclusivo e politicamente mais plural. Não aceita que o povo, principalmente os trabalhadores e os mais pobres se libertem das algemas da “Senzala”, contemporaneamente traduzida pela exclusão, pela desproteção social e pela insegurança institucional.
As medidas anunciadas pelo “governo interino”, sobretudo, aquelas relacionadas ao campo da proteção social disseminam imensa insegurança e perplexidade.
A agregação da Previdência Social ao Ministério da Fazenda e a junção de um estranho, incompreensível e inexplicável Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário sugerem que o atual governo faz uma clara opção de desmonte da seguridade social, supervalorizando os interesses da rentabilidade econômica em prejuízo da atenção as necessidade sociais conforme preceito constitucional.
Ora, ao contrário da cantilena abundantemente anunciada de “enxugamento da maquina administrativa”, o que está em andamento é um a profunda reforma de corte neoliberal, cujo objetivo maior é a subtração de direitos sociais duramente conquistados ao longo do século XX.
Se o objetivo fosse realmente reduzir a máquina administrativa, a criação do Ministério da Seguridade Social, por exemplo, seria uma medida racionalmente justificável para anunciar, mesmo como farsa, uma ampla estratégia política de proteção social por meio da Previdência Social, da Saúde e da Assistência Social.
Não há espaço para retrocessos nem abrigo às manipulações!
Vamos à luta!
Belém – PA, 26 de maio de 2016.